Obesidade: graves riscos para a saúde e mudança no estilo de vida

A obesidade representa, atualmente, um dos principais problemas de saúde pública em todo o mundo, e é considerada uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que estima que 1 bilhão de pessoas estejam com excesso de peso, e 300 milhões estão obesas. É uma doença crônica que, por trazer complicações metabólicas, é fator de risco para outras doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, diabetes, doenças musculoesqueléticas e alguns tipos de câncer. E no cenário atual, representa gravidade para a Covid-19.

De acordo com os especialistas, os hábitos de vida da sociedade moderna representam um dos principais fatores para o aumento do sobrepreso e da obesidade, impactado, principalmente, por uma má alimentação com abuso de produtos ultraprocessados, hipercalóricos e frituras, associada à diminuição dos níveis de atividade física. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, metade dos brasileiros está acima do peso, e 20% estão obesos.

 “O ambiente moderno se transformou em um grande estímulo para obesidade, que tem agravo multifatorial porque suas causas também estão relacionadas a questões biológicas, históricas, ecológicas, econômicas, sociais, culturais e políticas”, declara a endocrinologista e professora Thaisa Trujilho, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, regional Bahia (SBD/BA) e diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

 

Mudar o estilo de vida

A endocrinologista explica que para sucesso no tratamento da obesidade é importante considerar o acompanhamento por uma equipe multidisciplinar que vai promover mudanças no estilo de vida, com orientações nutricionais e atividade física. Em alguns casos o apoio psicológico também é importante, assim como a indicação de medicações. “A perda de peso melhora a saúde e a qualidade de vida, resultando, muitas vezes, na reversão das complicações relacionadas à obesidade. E a perda de peso modesta, entre 5 a 10%, já traz benefícios para a saúde”, alerta a endocrinologista.

 

 

Em Salvador, o Cedeba (Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes e Endocrinologia) oferece assistência para obesidade com equipe multidisciplinar integrada com endocrinologista, nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, psiquiatra e assistente social.

 

Prevenção e demora em tratar

A prevenção é fundamental e, de acordo com Dra. Thaisa, deve começar na infância. “A família tem que estabelecer hábitos alimentares saudáveis, compartilhar o momento das refeições, evitar o consumo excessivo de açucares e gorduras, e incorporar a prática de atividade física diariamente”. Além disso, a procura por ajuda é fundamental, não apenas como prevenção, mas porque a demora em buscar tratamento é um dos fatores que dificulta perder peso posteriormente, sem falar que causa estresse e frustração, e aumenta o risco para outras doenças. “Ficar lutando contra a balança sem um programa adequado para emagrecer só dificulta”, avisa a endocrinologista.

 

Fator genético também conta

Além do estilo de vida, a predisposição genética tem bastante influência na obesidade. Filhos de pais obesos, por exemplo, têm maior chance de serem obesos também, assim como o padrão genético pode influenciar no tratamento. Desta forma, tanto fatores genéticos quanto ambientais são determinantes e precisam ser levados em consideração.

 

Resposta ao tratamento

Devido a esses fatores a endocrinologista esclarece que o tratamento da obesidade é complexo e deve ser individualizado para ter mais sucesso e determinar metas realistas para alcançar os objetivos. Outras variáveis contribuem para melhorar a resposta ao tratamento, como idade, peso inicial, gênero e percentual de tecido muscular. “É fundamental que o tratamento seja feito de forma individualizada, considerando as características de cada um”, esclarece.

Alguns fatores podem contribuir para o tratamento não obter sucesso. Um deles é a demora em buscar ajuda especializada, o que muitas vezes pode levar anos. Outro fator que atrapalha é a expectativa em perder peso rapidamente, o que pode não acontecer na velocidade desejada, causando frustração e abandono do tratamento.

 

Cuidado com dietas

Dietas muito restritivas, artificiais e rígidas, embora levem à redução do peso, não são sustentáveis e podem representar riscos por não considerar as necessidades nutricionais individualizadas. O recomendado é a reeducação alimentar, que vai promover mudanças definitivas para toda a vida, e deve ser planejada e conduzida por profissional especializado.

 

 

Obesidade mórbida e cirurgia bariátrica 

A obesidade mórbida (grau III) deve ser tratada não apenas com mudanças no estilo de vida, mas combinada com o uso de medicamentos e controle das patologias associadas, com acompanhamento de equipe multidisciplinar. E deve considerar a cirurgia bariátrica caso o tratamento clínico não tenha êxito. 

 

Para saber se está obeso

A obesidade é determinada pelo Índice de Massa Corpórea (IMC), dividindo o peso pelo quadrado da altura. O resultado revela se o peso está ideal, abaixo ou acima do desejado.

Menor que 18,5 - Abaixo do peso

Entre 18,5 e 24,9 - Peso normal

Entre 25 e 29,9 - Sobrepeso (acima do peso desejado)

Igual ou acima de 30 -  Obesidade

 

Cálculo do IMC:

Exemplo: uma pessoa de 83 kg e 1,75 m de altura:

1,75 x 1,75 = 3.0625 / IMC = 83 divididos por 3,0625 = 27,10

O resultado de 27,10 indica sobrepeso

 

Nesse link do Ministério da Saúde tem dicas de alimentação para prevenir a obesidade.

 

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