Tabagismo: um grave fator de risco e a principal causa de mortes evitáveis no mundo

Há 32 anos a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou o Dia Mundial Sem Tabaco (31 de maio) para alertar que o cigarro é a maior causa de mortes que poderiam ser evitadas. São quase 5 milhões de pessoas que perdem a vida por ano em razão do tabagismo.

Do glamour de décadas atrás, o cigarro se tornou um vilão e todo fumante sabe dos problemas de saúde que acompanham o cigarro. Mas muitos ainda fumam e morrem por doenças relacionadas a esse hábito.

No Brasil, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), mais de 156 mil mortes poderiam ser evitadas por ano, e 428 pessoas morrem por dia por causa da dependência.

O tabagismo é uma doença comportamental, uma dependência química cujo vício é causado pela nicotina que compõe uma das 4.758 substancia do cigarro. As maiores ocorrências de morte relacionadas ao tabaco são câncer, doenças cardíacas e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). 

É considerado dependente químico o fumante que usa um ou mais cigarros ao dia, e também aquele que só fuma nos finais de semana, ou só quando consome bebida alcoólica.

O tabagismo está na causa de 90% de todos os cânceres de pulmão, além de ser grave fator de risco para outros tipos de câncer, doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral. E aliado a outros fatores de risco como hipertensão, obesidade e sedentarismo contribui para deixar a saúde potencialmente vulnerável.

Também causa infecções respiratórias, asma nas crianças cujos pais são fumantes, úlcera péptica, infarto agudo do miocárdio, aumenta o risco de impotência sexual no homem, e traz problemas para a saúde bucal.

 

O hábito começa na adolescência

Segundo a OMS, 80% dos fumantes no mundo começaram a fumar antes dos 18 anos. No Brasil, dados divulgados pelo Inca, informam que 20% dos fumantes começaram a fumar antes dos 15 anos, e dados do Ministério da Saúde informam que 8,5% dos fumantes no país têm entre 18 e 24 anos.

Estudos já divulgados concluíram que variações genéticas tem influência sobre o consumo de tabaco, mas o estímulo ambiental é o fator mais importante, como esclarece a pneumologista Maristela Sestelo, coordenadora do Programa de Apoio ao Fumante da Escola Bahiana de Medicina.

“Nem todo mundo que tem o gene para ser fumante será, efetivamente, um fumante. Trata-se de uma doença que começa, principalmente, por influencia dos amigos ou familiares fumantes”.

 

Tem que querer parar

 

 

Parar de fumar traz benefícios praticamente imediatos, mesmo para quem já tem doença provocada pelo fumo. Pesquisa do Ministério da Saúde (Vigitel 2017) apontou que entre 2006 e 2017 o tabagismo no Brasil caiu de 15,7% para 10,1% e dentre as capitais Salvador tem a menor prevalência, de 4,1%.

Mas parar de fumar não é fácil. Como todo dependente químico, o fumante pode ter recaídas, e alguns só conseguem abandonar o cigarro após algumas tentativas.

A pneumologista alerta que não existe medicamento capaz de impedir o paciente de parar de fumar. A terapia medicamentosa colabora para reduzir os sintomas da abstinência, mas o essencial é o desejo do fumante em querer parar, e a iniciativa em buscar ajuda para isso.

 “Não há fórmulas mágicas, e essa é uma premissa que precisa ser muito clara. O tratamento precisa ser comportamental e, de preferência, em grupo. Individualmente é mais difícil. Deixar de fumar tem que ser desejo do paciente e não daqueles que estão ao seu redor, como amigos e familiares. O sucesso no tratamento depende dele”, ressalta a pneumologista.

De acordo com o Inca, um ano após largar o cigarro cai pela metade o risco de morte por infarto do miocárdio, e no período entre 5 e 10 anos após abandonar o vício, as chances de sofrer um infarto serão iguais às de pessoas que nunca colocaram um cigarro na boca.

Ações desenvolvidas pelo Governo Federal nos últimos anos contribuíram para reduzir o consumo do tabaco no Brasil, como a política de preços mínimos - considerando que a experimentação de cigarro entre os jovens é alta e o preço se torna um inibidor -, e a legislação antifumo, que proibiu o consumo em locais de uso coletivo, públicos ou privados.

O SUS oferece tratamento gratuito através de postos de saúde do município, e as secretarias estaduais de saúde contam com o Programa Estadual de Controle do Tabagismo que oferecem orientação, ajuda e ações educativas. Para maiores informações é só entrar em contato com o Disque Saúde SUS 136.

O portal Saúde Brasil, do Governo Federal, também tem um espaço dedicado para quem procura ajuda para parar de fumar - https://saudebrasilportal.com.br/eu-quero-parar-de-fumar.