Saiba mais sobre o infarto em mulheres. Os sintomas são diferentes

Estimativas apontam que a probabilidade da mulher morrer de infarto é 50% maior quando comparada aos homens. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, o infarto atinge uma a cada cinco mulheres, e é a segunda causa de morte entre o sexo feminino. A primeira é o AVC (Acidente Vascular Cerebral).

O que preocupa os médicos é que, embora os sintomas clássicos de infarto nas mulheres tenham semelhanças com o dos homens, nas mulheres costumam surgir sintomas atípicos como dores nas costas e dor na região do abdome, com náuseas e sensação de queimação, e também muito cansaço sem motivo aparente.

Esses sinais podem ser confundidos com outras doenças menos preocupantes, o que atrasa a busca por uma unidade de emergência, impactando em maior gravidade do infarto.

“Nas mulheres, o infarto se manifesta de forma diferente em relação aos homens, mas, na realidade, o quadro clínico, na maior parte dos casos, tem mais semelhanças do que diferenças. Mas é necessário que o médico dê maior atenção a essas manifestações atípicas, para não retardar o diagnóstico”, explica o cardiologista Roberto Leal.

Em todo o mundo, as doenças cardiovasculares matam cerca de 8 milhões de mulheres por ano - número oito vezes maior do que a morte por câncer de mama.

 

É importante entender os sintomas típicos e atípicos do infarto em mulheres:

Sintomas típicos - Dor ou desconforto na região peitoral em forma de aperto, podendo irradiar para o braço esquerdo, direito, ou ambos, e o rosto (mandíbulas). As dores ocorrem acompanhadas de suor frio, palidez, falta de ar e sensação de desmaio.

Sintomas atípicos - Dor no abdome, semelhante a dor de uma gastrite ou esofagite de refluxo, enjoo e mal-estar geral, além de cansaço excessivo, sem causa aparente.

Outro aspecto atípico, é que nas mulheres é bastante comum o infarto ocorrer sem dor, mais do que nos homens. Pesquisa com mais de 1 milhão de pessoas com infarto, feita por um grande instituto especializado dos Estados Unidos, mostrou que a proporção de pacientes com infarto agudo do miocárdio, que se apresentavam sem dor no peito, foi mais significativo nas mulheres do que nos homens (42% x 30,7%).

 

O que é o infarto

A principal causa do infarto é a aterosclerose, que é o acúmulo de gorduras, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias e dentro delas. Na maioria dos casos, o infarto ocorre quando há o rompimento de uma dessas placas, levando à formação do coágulo e interrupção do fluxo sanguíneo.

Mulheres que fazem parte do grupo de risco devem ter mais atenção aos sintomas, inclusive aos atípicos, e procurar um médico imediatamente se perceber que pode estar acontecendo alguma coisa errada.

 

Fatores de risco exclusivos nas mulheres

Além dos fatores de risco clássicos do infarto para ambos os sexos, como tabagismo, colesterol alto, alimentação inadequada, sedentarismo, obesidade, hipertensão e diabetes, a mulher tem alguns fatores de risco exclusivos, que merecem bastante atenção:

• O climatério - a transição entre o período reprodutivo e não reprodutivo das mulheres. Esse é um importante fator de risco para doenças cardiovasculares, devido à diminuição do hormônio estrogênio, um protetor e aliado do coração.

Para se ter uma ideia da importância desse fator de risco, de acordo com pesquisas  médicas, uma, em cada nove mulheres, vai desenvolver sintomas de alguma doença cardiovascular entre os 45 e os 64 anos de idade. Porém, após os 65 anos essa relação se eleva para uma em cada três mulheres.

 

 

 “Quanto maior a idade, maior o risco. Mas mulheres que têm menopausa precoce também ficam vulneráveis mais cedo, uma vez que os níveis de estrogênio começam a baixar antes, aumentando o risco de algumas doenças”, esclarece o cardiologista.

Porém, segundo Roberto Leal, estudos mostram que a terapia de reposição hormonal não está recomendada como forma de proteção ou prevenção cardiovascular em mulheres.

• Ansiedade e depressão - Aspectos importantes que vêm aumentando muito entre as mulheres, e que impacta na saúde cardiovascular. O aumento desse quadro entre as mulheres se deve ao estresse emocional, muitas vezes causado pelo acúmulo de responsabilidade e sobrecarga de atividades que as mulheres, cada vez mais, assumem na sociedade, com jornada profissional em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, ao mesmo tempo exercendo, também, as responsabilidades com filhos, marido, lar e família.

 

 

“Essa sobrecarga de tarefas deixa a vida mais corrida, com falta de tempo para a atividade física, levando ao sedentarismo, alimentação, muitas vezes, inadequada, rica em sódio e gorduras, e com poucas frutas e vegetais, como é o caso dos fast food. Tudo isso são fatores que levam à obesidade, hipertensão, e resistência à insulina/diabetes mellitus. Todos os fatores de grande impacto na saúde cardiovascular”.

• Tabagismo em mulheres que usam contraceptivos - É um perigoso fator de risco relacionado a problemas cardiovasculares, com alto risco de eventos trombóticos em mulheres jovens.

• Hipertensão gestacional, eclampsia, pré-eclâmpsia e diabetes gestacional também são fatores de risco.

 

Prevenção

A melhor forma de prevenir um infarto é combater os fatores de risco, e a prevenção, de um modo geral, independe do gênero. Deve ser para todos:

  • Hábitos de alimentação saudável devem ocorrer desde a infância e serem mantidos ao longo de toda a vida;
  • Evitar o tabagismo

O combate à inatividade física e ao sedentarismo deve ser uma luta diária, e é preciso criar rotinas para a prática do esporte ou exercício físico. Os benefícios da atividade física ocorrem a partir de qualquer idade – mas quanto mais precoce o seu início, melhor.