Artrite reumatoide: diagnóstico tardio impacta na qualidade de vida

54% das pessoas demoram para chegar ao diagnóstico dessa doença debilitante e progressiva que pode levar à destruição das articulações

 

A artrite reumatoide (AR) é uma doença crônica, inflamatória, cuja principal característica é a inflamação das articulações (juntas), embora outros órgãos também possam estar comprometidos. É uma doença autoimune que pode se tornar bastante debilitante, com forte impacto negativo na qualidade de vida. Estudos revelam que a doença atinge cerca de 0,5 a 1% da população, independente da idade e gênero, embora seja mais predominante em mulheres acima dos 35 anos.

A inflamação persistente das articulações, se não tratada de forma adequada, pode levar à destruição das juntas, o que ocasiona deformidades e limitações, impedindo a pessoa até de trabalhar e executar atividades e tarefas. A AR pode levar à alterações em todas as estruturas das articulações, como ossos, cartilagens, cápsula articular, tendões, ligamentos e músculos que são os responsáveis pelo movimento articular

A doença não tem cura, mas tem tratamento que pode preservar a qualidade de vida. “Essa limitação pode ser temporária e reversível, mas também pode instalar-se de forma permanente e irreversível quando o tratamento não é realizado de forma adequada”, explica o reumatologista Ricardo Xavier, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).

De acordo com ele, o ideal é tratar nos primeiros 6 meses do início dos sintomas. Por isso, é importante procurar logo um reumatologista ao sentir os primeiros sinais - dores nas articulações que persistam por mais de 2 a 3 semanas, pois já indicam a necessidade de avaliação médica para que se tenha um diagnóstico correto e um tratamento adequado.

 

 

 

Demora no diagnóstico

O problema é que 54% dos pacientes demoram anos até chegarem ao diagnóstico correto, conforme revelou uma pesquisa recente feita pelo Instituto Ipsos, a pedido da farmacêutica Janssen. Dr. Ricardo esclarece que essa demora se deve à dificuldade de obter ajuda médica competente para identificar logo a doença, que pode ser confundida com tendinite, por exemplo, ou outras lesões. “Dessa forma, muitas pessoas demoram até chegar no especialista adequado, que é o reumatologista”, explica.

 

Os sintomas

No início, pode inchar, esquentar e dolorir apenas uma ou poucas articulações, geralmente acompanhada de rigidez nos movimentos, principalmente pela manhã, e que pode durar horas até melhorar.

Mas o quadro clínico mais visto é caracterizado por vermelhidão, inchaço, calor, dificuldade de movimento, dor e cansaço (fadiga) nos dois lados do corpo, principalmente nas mãos, nos punhos e pés, que vai evoluindo para articulações maiores e mais centrais, como cotovelos, ombros, tornozelos, joelhos e quadris.

 

 

Fatores de risco

Por ser uma doença progressiva, o diagnóstico tardio e a demora de início de tratamento fazem com que a doença fique mais resistente ao tratamento e que os danos irreversíveis na articulação se acumulem, levando à incapacidade física. Além disso, histórico familiar da doença, tabagismo e obesidade também são fatores de risco.

 


Prevenção

Algumas medidas preventivas são recomendadas, particularmente para que tem histórico familiar:  

• Não fumar

• Manter dieta equilibrada

Fazer atividade física regularmente

Evitar obesidade e sobrepeso

• Estudos recentes sugerem que manter níveis de vitamina D no sangue, dentro do normal, pode contribuir na proteção contra doenças autoimunes

 

 

Avanços e conscientização

O presidente da SBR destaca que vem crescendo muito, nos últimos anos, a importância que os médicos atribuem às doenças reumáticas como causa de incapacidade física ou redução da expectativa de vida, com especial destaque para a artrite reumatoide. “Os avanços nos conhecimentos médicos nas áreas da imunologia e biologia molecular permitiram o melhor entendimento das causas dos danos causados pela doença, possibilitando modernas estratégias diagnósticas e de tratamento com medicamentos mais eficazes, com menos efeitos indesejáveis e capaz de induzir até o desaparecimento dos sinais e sintomas da doença”, explica.

Por conta dessas preocupações, e para conscientizar a população sobre diagnóstico precoce para melhor qualidade de vida dos pacientes, a SBR iniciou uma campanha de atenção às doenças reumáticas, com o tema "Reumatologista. Comprometido até os ossos com seu bem estar.” 

A campanha quer mostrar à população a importância de não perder tempo no diagnóstico e tratamento dessas enfermidades, o que implica em sofrimento e dor para o paciente. “A rapidez na identificação da doença reumática é fundamental e, para isso, o papel do especialista é crucial”, reforça o presidente da SBR.

A campanha visa também desmistificar alguns conceitos erroneamente disseminados na população, como a associação com idade ou gênero. "A doença reumática não afeta somente idosos. Pode acometer qualquer pessoa, seja criança, jovem e adulto de qualquer idade, homens ou mulheres", alerta Dr. Ricardo.

 

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