Avanços e desafios no combate ao câncer

O câncer é a segunda principal causa de morte no mundo depois das doenças cardiovasculares, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em nível global, uma em cada seis mortes estão relacionadas à doença. No Brasil, dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimam mais de 580 mil casos em 2019.

Hábitos nada saudáveis e alimentação inadequada são fatores que contribuem para esse cenário. O tabagismo é um dos principais fatores de risco, responsável por 22% das mortes, mas, condições como a obesidade, o baixo consumo de frutas e vegetais, a falta de atividade física, o uso de drogas e de bebida alcoólica também aumentam os riscos.

 

A obesidade e o sobrepeso aparecem associados a vários tipos de câncer.

“Muita gente me pergunta o que fazer para não ter câncer. Fora a questão genética, que sempre precisa ser levada em consideração, é muito importante ter uma vida saudável e evitar o estresse. Entretanto, embora o diagnóstico assuste, as chances de cura são altas”, informa o radio-oncologista do Hospital Aristides Maltez, Alberto Bonfim.

 

Prevenção primária é essencial

Modificar hábitos para evitar fatores de risco pode reduzir significativamente a ocorrência de câncer, conforme revela estudo da OMS. De 30% a 50% dos tipos de câncer podem ser prevenidos, e muitos com altas chances de cura, quando detectados de maneira precoce e tratados adequadamente.

Renata Cangussú, oncologista do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB), alerta que, embora haja uma relação histórica da doença com a hereditariedade, em geral apenas de 5% a10% dos casos têm ligação com a genética.

“A população precisa ser conscientizada sobre quais medidas deve tomar para reduzir o risco de diagnóstico de câncer. No geral, 40% dos casos de mortes podem ser evitados com a adoção de alimentação saudável e mudança de hábitos e estilo de vida, incluindo controle de alguns vírus que são fatores de risco, como as hepatites B e C e o HPV”.

Combater o sedentarismo e praticar exercícios com regularidade também são essenciais para a prevenção do câncer. Estudos científicos já confirmaram os benefícios da atividade física não apenas na prevenção da doença, mas também na redução dos efeitos colaterais de quem está em tratamento, além de evitar a recidiva em até 40%.

 

A imunoterapia

A imunoterapia tornou-se, nas últimas décadas, parte importante do tratamento de alguns tipos de câncer e foi eleita pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), em 2017, como o maior progresso contra tumores.

Especialistas apostam nessa modalidade de tratamento oncológico que estimula o sistema imunológico do próprio indivíduo a reconhecer as células cancerosas e destruí-las.

Para a oncologista Samira Mascarenhas, diretora médica e de pesquisa clínica do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB), a imunoterapia mudou a história natural de vários tipos de neoplasias.

“Nos últimos anos, muitos avanços ocorreram no tratamento do câncer e a imunoterapia ganhou muita repercussão pelos resultados extremamente positivos em grupos de pacientes que, mesmo em estágio avançado, permanecem livres da doença”.

A oncologista destaca que outra característica importante desse tratamento é que os efeitos colaterais têm um perfil diferente da quimioterapia, sendo na grande maioria das vezes muito bem tolerado.

 

Desafios atuais no tratamento do câncer

Órgão do governo dos Estados Unidos responsável por controlar alimentos e medicamentos, a FDA (Food and Drug Administration) aprovou 59 novas drogas para tratamento do câncer, em 2018. Os especialistas afirmam que nunca as opções foram tão numerosas e eficientes.

Para o médico hematologista Alex Pimenta, diretor médico da clínica AMO, referência em atendimento subespecializado em paciente onco-hematológico,